Em duas capas especiais, a revista 'Entertainment Weekly' mostra o casal do último filme da saga 'Crepúsculo' ao lado da atriz Mackenzie Foy
Como tradicionalmente acontece a cada estreia de filmes da sagaCrepúsculo, a revista Entertainment Weekly traz, em sua edição recém-publicada, os principais personagens da série vampiresca em duas capas. Na primeira, Edward e Bella Cullen posam ao lado de sua filha, Renesmee. Na segunda, o casal se junta ao lobisomem Jacob Black.
No penúltimo filme da saga, foi retratado o casamento do casal protagonista e o início da gravidez sacrificante de Bella. Em Amanhecer Parte 2, no entanto, a filha de Edward e Bella nasce em meio a muito mistério, afinal, é uma semi-vampira.
A escolha de Mackenzie Foy para viver a criança excêntrica e, ao mesmo tempo, adorável, foi perfeita, segundo o elenco da trama. Casal na vida real, Kristen Stewart e Robert Pattinson ficavam constantemente impressionados com a semelhança de Mackenzie com ambos.
"Era estranho, mas é engraçado como realmente ajuda. É tipo 'opa, você se parece comigo, garotinha!", Kristen contou à publicação. Ela e o namorado também precisaram segurar os palavrões quando Mackenzie estava no set. Mas não foi fácil, e a atriz mirim teve a ideia de cobrar em dólares por aqueles que escapavam. "Acho que ela ganhou uns US$ 850".
A Saga Crepúsculo: Amanhecer Parte 2 estreia no dia 16 de novembro deste ano.
UMA LONGA NOITE
“Eu já sinto a sua falta.”
“Eu não preciso ir. Posso ficar...”
“Mmm...”
Houve silêncio por um longo tempo, somente o som de meu coração batendo
acelerado e o sussurro de nossos lábios se movendo sincronizados.
Às vezes era tão fácil esquecer que eu estava beijando um vampiro. Não
porque ele parecesse comum e humano — eu nunca poderia esquecer que
estava segurando mais do que um anjo em meus braços — mas porque ele me
fazia sentir que não havia nada igual à sensação de ter seus lábios em meus
lábios, em meu rosto, minha garganta. Ele dizia que já era passado a tentação
que meu sangue lhe causava, que a idéia de me perder era mais forte que isso.
Mas eu sabia que o cheiro de meu sangue ainda lhe causava dor — queimava
em sua garganta como se ele estivesse inalando fogo.
Eu abri meus olhos e encontrei os dele abertos também, fixados em meu rosto.
Não fazia sentido ele me olhar daquele jeito. Como se eu fosse o prêmio ao
invéz da ganhadora sortuda.
Nós nos encaramos por um momento, seus olhos dourados estavam tão
profundos que era quase como se eu pudesse ver sua alma. Parecia bobo que
justamente isso — a existência se sua alma — seja uma duvida, mesmo ele
sendo um vampiro. Ele tinha a alma mais bonita, mas do que sua mente
brilhante ou seu rosto incomparável e seu glorioso corpo.
Ele olhou de volta para mim, como se ele também pudesse ver minha alma, e
estivesse gostando do que via.
Ele não podia ver dentro de minha mente, pensando bem, não da maneira que
ele via a dos outros. Quem saberia o porquê — algum defeito em meu cérebro
que me tornava imune a todos os extraordinários e assustadores poderes que
alguns imortais possuem. (somente minha mente era imune, meu corpo ainda
era uma vitima das habilidades dos vampiros com poderes diferentes dos de
Edward). Mas eu era seriamente grata a esse “defeito” que mantinham meus
pensamentos em segredo. Era muito constrangedor sequer pensar na
possibilidade.
Puxei seu rosto mais uma vez para perto do meu.
“Definitivamente vou ficar,” ele murmurou um tempo depois.
“Não, não! É sua despedida de solteiro, você tem que ir.”
Eu disse as palavras, mas meus dedos se enroscaram em seus cabelos cor de
bronze, minha mão esquerda apertando suas costas. Seus dedos frios
acariciaram meu rosto.
“Despedidas de solteiros são para aqueles que estão tristes com o fim de seus
dias de solteiro. Eu não vejo a hora que eles acabem. Então não há razão para
que eu vá.”
“Verdade.” Eu disse respirando na pele gelada de sua garganta.
Isso era muito perto do que seria meu cantinho feliz. Charlie dormia
profundamente em seu quarto, o que era quase o mesmo que estar sozinha.
Nós estamos encolhidos em minha pequena cama, nossos corpos o mais juntos
possível, apesar do grosso cobertor em que eu estava enrolada como um
casulo. Eu odiava a necessidade do cobertor, mas o romance acabava quando
meus dentes começavam a bater. Charlie iria perceber se eu ligasse o
aquecedor em Agosto...
Pelo menos, se houvesse algo ruim, a camisa de Edward estava no chão. Eu
nunca superei o choque de como seu corpo era perfeito — pálido e gelado
como mármore. Eu corri minha mão por seu peito nu, passando por sua
barriga perfeitamente rígida, passeando. Ele tremeu levemente, e seus lábios
encontraram os meus novamente. Cuidadosamente a ponta de minha língua
traçou seus lábios encerados, e ele suspirou. Seu hálito me invadiu – frio e
delicioso por todo o meu rosto.
Ele começou a recuar — esta era sua reação automática toda vez que achava
que tinha ido longe demais, seu reflexo toda vez que ele queria mais. Edward
passou toda sua vida rejeitando qualquer tipo de contato físico. Eu sei que para
ele era assustador tentar mudar seus hábitos agora.
“Espere”, eu disse agarrando seus ombros e o abraçando mais perto. Eu passei
minha perna que estava livre ao redor de seu quadril. “A prática leva a
perfeição”.
Ele riu. “Bem, devemos estar bem perto da perfeição nesse ponto, não acha?
Você dormiu alguma noite no ultimo mês?”
“Mas esse é o ensaio do vestido”, Eu relembrei a ele. “E nós só praticamos
algumas cenas. Não temos tempo a perder.”
Eu pensei que ele fosse rir, mas ele não respondeu, e seu corpo endureceu de
um nervoso repentino. O dourado em seus olhos pareceu endurecer de liquido
para sólido.
Eu pensei no que havia dito e tentei entender o que ele havia pensado.
“Bella...”, ele sussurrou
“Não comece com isso de novo”, eu disse, “Trato é trato.”
“Eu não sei. É muito difícil se concentrar quando você está comigo desse
jeito. Eu - Eu não consigo pensar direito. Eu não vou conseguir me controlar.
Você vai se machucar. ”
“Eu vou ficar bem.”
“Bella...”
“Shh...” eu pressionei meus lábios nos dele para parar com o ataque de pânico.
Eu já havia ouvido aquilo antes. Ele não ia desistir do acordo. Não depois de
insistir que eu casasse com ele primeiro.
Ele me beijou de volta por um momento, mas eu pude perceber que ele não
estava com tanto entusiasmo como antes. Preocupado, sempre preocupado.
Como seria diferente quando ele não tivesse que se preocupar mais comigo. O
que ele fará em seu tempo livre? Terá que arrumar um hobby novo!
“Como estão seus pés?’ ele perguntou Sabendo que ele não falava no sentido literal eu respondi “Torrando de tão
quentes”.
“Mesmo? Não está mudando de idéia? Ainda não é tarde pra desistir.”
“ Você está tentando me fazer desistir?”
Ele riu silenciosamente. “Só para ter certeza. Não quero que você faça nada de
que não tenha certeza.”
“Tenho certeza sobre você. Com o resto eu posso viver.”
Ele hesitou e eu imaginei se devia fechar a minha boca.
“Você consegue?” ele disse quieto. “Eu não me refiro ao casamento — eu sei
que você vai sobreviver apesar de não concordar — mas e depois.... E Renne?
E Charlie?”
Eu suspirei. “Eu vou sentir falta deles.” Mais do que eles de mim, mas eu não
quis dar a ele esse tipo de detalhe.
“ Angela e Ben, Jéssica e Mike.”
“Vou sentir falta dos meus amigos também”. Eu sorri para a escuridão.
“Especialmente Mike! Oh Mike! Como vou sobreviver!”
Ele grunhiu.
Eu ri, mas logo fiquei séria novamente. “Edward nós já falamos sobre isso. Eu
sei que vai ser difícil, mas é o que eu quero. Eu quero você, e quero para
sempre. Uma vida não é suficiente para mim.”
“Congelada para sempre aos dezoito,” ele sussurrou.
“Todo sonho de mulher se torna realidade,” eu provoquei.
“Nunca mudando... nunca indo para frente”.
“O que isso significa?”
Ele respondeu devagar. “Você se lembra quando contamos para Charlie a
respeito do casamento? Ele pensou que você estava... grávida?”
“E ele pensou em atirar em você”. Eu disse com uma risada. “ Admita— por
um momento ele considerou isso”.
Ele não respondeu.
“O que é Edward?”
“Eu só queria...bem, queria que ele estivesse certo.”
“Uhh,” eu estremeci.
“Que houvesse alguma maneira que isso pudesse acontecer. De que
corrêssemos esse risco. Eu odeio tirar isso de você também.”
Eu precisei de um momento para responder. “Eu sei o que estou fazendo.”
“Como você pode saber Bella? Olhe para minha mãe e minha irmã. Não é um
sacrifício tão fácil quanto você imagina.”
“Esme e Rosalie conseguiram superar isso. Se isso se tornar um problema
podemos fazer o que Esme fez— nós vamos adotar!”
Ele suspirou e, em seguida, sua voz era feroz. "Isso não é certo! Não quero
que você tenha que fazer sacrifícios por mim. Eu quero dar-lhe coisas, não
tirar coisas de você. Eu não quero roubar o seu futuro. Se eu fosse humano...”
Eu coloquei minha mão sobre seus lábios. "Você é o meu futuro. Pare agora.
Não se deprima, ou eu irei chamar seus irmãos para virem e pegar você.
Talvez você precise de uma festa de despedida."
"Desculpe-me. Estou deprimido, não é? Devem ser os nervos."
"Seus pés estão frios?"
"Não é nesse sentido. Eu tenho esperado um século para casar com você,
Senhorita Swan. A cerimônia de casamento é a única coisa que eu mal posso
esperar—" Ele suspendeu o pensamento. "Oh, por tudo que é mais sagrado!"
“O que houve?”
Ele rangeu os dentes . “Você não precisa ligar para os meus irmãos.
Aparentemente eles não vão me deixar escapar essa noite.
Eu o abracei mais forte, mas depois soltei. Eu não tinha a menor pretensão de
ganhar uma guerra contra Emmett. “Divirta-se”.
Houve um ruído através da janela — alguém estava passando suas unhas de
propósito no vidro para fazer um barulho horroroso de cobrir os ouvidos e
arrepiar os cabelos. Eu dei de ombros.
“Se você não botar o Edward para fora,” Emmett — ainda invisível na noite
—ameaçou. “Nós vamos entrar para pegar ele.”
“Vá,” Eu ri. “Antes que eles quebrem a minha casa”.
Edward rolou seus olhos e em um único movimento se colocou de pé e com
outro recolocou sua camisa. Ele se abaixou e beijou minha testa.
“Vá dormir. Você vai ter um grande dia amanhã.”
“Obrigada! Isso realmente vai me acalmar!”
“Te vejo no altar.”
“Eu vou ser a que vai estar de branco!” Eu sorri pensando em como isso soava
irônico.
Ele riu. “ Muito convincente” e então de repente ele pulou agachado, seus
músculos pressionados como uma mola. Ele desapareceu — passando pela
minha janela mais rápido do que eu podia ver.
Lá fora houve um barulho abafado e eu ouvi Emmett resmungar.
“É melhor vocês não trazerem ele de volta muito tarde,” eu murmurei sabendo
que eles ouviriam.E então o rosto de Jasper apareceu em minha janela, seus cabelos loiros cor de
mel reluzindo a luz da lua que passava pelas nuvens.
“Não se preocupe Bella. Vamos trazer ele de volta com tempo de sobra!”
Eu estava subitamente muito calma, e todas as minhas hesitações pareciam
sem importância. Jasper era, na sua própria maneira, tão talentoso como Alice
com suas previsões sobrenaturalmente exatas. Os poderes mediúnicos de
Jasper era algo maior do que o futuro, e era impossível resistir à sensação da
maneira como ele queria que você se sentisse.
Eu sentei rapidamente, ainda enrolada nos cobertores. “Jasper? O que
vampiros fazem em despedidas de solteiro? Vocês não vão levá-lo a um clube
de strip, vão?”
"Não lhe diga nada!" Emmett grunhiu alto. Havia um outro som, e Edward riu
discretamente.
"Relaxe", Jasper disse-me — e foi o que fiz. "Nós Cullens temos a nossa
própria versão. Apenas alguns leões da montanha, um casal de ursos
cinzentos. Geralmente uma noitada ordinária."
Eu me pergunto se alguma vez serei capaz de ouvir de forma cavalheiresca
sobre as dietas dos vampiros "vegetarianos".
"Obrigada, Jasper"
Ele piscou e saiu de vista.
Estava completamente silencioso lá fora. Os roncos abafados de Charlie
vibravam através das paredes.
Eu deitei de volta no meu travesseiro, adormecendo agora. Eu observei as
paredes do meu pequeno quarto, branqueada palidamente pelo luar, sobre as
pálpebras pesadas.
A minha última noite no meu quarto. A minha última noite como Isabella
Swan. Amanhã à noite, eu seria Bella Cullen. Apesar de todo o calvário do
casamento ser um espinho ao meu lado, eu tinha de admitir que eu gostei de
como soava.
Eu deixei a minha mente vagar impassível por um momento, esperando cair
no sono. Mas, depois de alguns minutos, encontrava-me mais alerta, a
ansiedade crescente de volta para o meu estômago, embrulhando-se em
posições desconfortáveis. A cama parecia muito suave, muito quente sem
Edward. Jasper estava longe, e toda a paz, e sentimentos relaxantes foram com
ele.
Ela iria ter um longo dia amanhã.
Eu estava ciente de que a maioria dos meus medos eram estúpidos — eu só
tinha que tirá-los de mim. Atenção era uma parte inevitável da vida. Eu não
podia estar sempre misturada com a paisagem. No entanto, eu tenho algumas
preocupações específicas que eram completamente válidas.
Primeiro, havia a cauda de vestidos de casamento. Alice claramente tinha
deixado seu sentido artístico dominar sobre aspectos práticos disso. Manobrar
nas escadas dos Cullens de salto e uma cauda pareceu impossível. Eu deveria
ter praticado.
Depois, tinha a lista de convidados.
A família de Tanya, o clã Denali, estariam chegando antes da cerimônia.
Seria delicado ter a família de Tanya no mesmo quarto com os nossos
convidados da reserva Quileute, o pai de Jacob e os Clearwaters. O Denalis
não eram fãs dos lobisomens. Na verdade, a irmã de Tanya, Irina, não ia vir
para o casamento por nada. Ela ainda carregava uma vingança contra os
lobisomens por matarem seu amigo Laurent (exatamente como ele estava
prestes a me matar). Graças a esse ressentimento, os Denalis tinham
abandonado a família de Edward na sua pior hora de necessidade. Foi à
desagradável aliança com os lobos Quileute que salvou as nossas vidas,
quando a horda de vampiros recém-nascidos atacaram...
Edward tinha me prometido que não seria perigoso ter os Denalis perto dos
Quileutes. Tanya e toda sua família — exceto Irina — sentiam-se
horrivelmente culpados por esse abandono. Uma trégua com os lobisomens
era um pequeno preço para compensar um pouco desta dívida, um preço que
estavam dispostos a pagar.Havia o grande problema, mas havia um pequeno problema também: a minha
frágil auto-estima.
Eu nunca tinha visto Tanya antes, mas eu tinha certeza que conhecê-la não
seria uma experiência prazerosa para o meu ego. Uma vez, provavelmente
antes de eu ter nascido, ela tinha feito seu jogo para Edward — não que eu
culpe a ela ou alguém por tê-lo desejado. Mesmo assim, ela deveria ser
extremamente linda e magnífica. Mesmo que Edward claramente — se
inconcebivelmente — tenha preferido a mim, eu não seria capaz de ajudar
fazendo comparações.
Eu resmunguei um pouco até Edward, que sabia da minha fraqueza, me fez
sentir culpada.
"Nós somos a coisa mais próxima que eles têm de uma família, Bella," ele me
lembrou. "Eles ainda se sentem como órfãos, você sabe, mesmo depois de
todo esse tempo."
Então eu admiti, escondendo a minha careta.
Tanya tinha uma grande família agora, quase tão grande quanto os Cullens.
Eles eram em cinco: Tanya, Kate e Irina haviam entrado através de Carmen e
Eleazor de uma forma bem parecida como Alice e Jasper entraram para os
Cullens, todos eles levados pelo desejo de viver com mais compaixão do que
os vampiros normais fizeram.
Mesmo com toda a companhia, entretanto, Tanya e suas irmãs ainda eram
sozinhas. Ainda estavam de luto. Porque há muito tempo atrás, elas também
tiveram uma mãe.
Eu conseguia imaginar o vazio que a perda devia ter deixado, mesmo depois
de milhares de anos. Eu tentei imaginar a família Cullen sem o seu criador,
seu centro e seu guia —seu pai, Carlisle. Eu não consegui.
Carlisle havia explicado a história de Tanya durante uma das muitas noites em
que eu passei na casa dos Cullen, aprendendo tanto quanto eu podia, me
preparando o máximo possível para o futuro que eu havia escolhido. A
história da mãe de Tanya foi um dentre tantos, um conto de aviso ilustrando
uma das regras que eu nunca poderia esquecer quando eu adentrasse o mundo
dos imortais. Uma única regra, de fato - uma leia com milhares de facetas:
Guarde o segredo.
Guardar o segredo significada muitas coisas — viver imperceptivelmente
como o Cullens, se mudar antes que os humanos desconfiassem de que eles
não estavam envelhecendo. Ou mantendo-se completamente longe de seres
humanos — exceto na hora da refeição — como a vida nômade como James e
Victoria tinham vivido; como os amigos de Jasper, Peter e Charlotte, tinham
vivido. Isso significa manter controle de quaisquer novos vampiros que você
tenha criado, como Jasper fez quando viveu com Maria. Como Victoria havia
falhado com os recém-nascidos.
E isso significa não criar algumas coisas, acima de tudo, porque algumas
criações são incontroláveis.
“Eu não sei o nome da mãe de Tanya”, Carlisle admitiu, seus olhos dourados,
quase uma exata sombra de seu cabelo preso, triste com as lembranças da dor
de Tanya. “Eles nunca falam sobre ela se puderem evitar, nunca pensam nela
carinhosamente.”
A mulher que criou Tanya, Kate e Irina — que as amou, eu acredito — viveu
muitos anos antes que eu tivesse nascido, durante uma época de peste em
nosso mundo, a peste das crianças imortais.
“O que eles estavam pensando, os anciões, eu não consigo entender. Eles
criaram vampiros sob humanos que mal eram alguma coisa além de crianças.”
Eu tive que engolir a saliva que estava em minha garganta quando imaginei o
que ele havia descrito.
“Eles eram muito lindos,” Carlisle explicou rapidamente, vendo minha reação.
“Tão amáveis, tão encantadores, você não consegue imaginar. Mas era preciso
estar perto deles para amá-los; isto era algo automático.
Contudo, eles não podiam ser ensinados. Eles eram congelados em qualquer
estágio do desenvolvimento que eles estavam antes de ser mordidos.
Adoráveis crianças de dois anos de idade com covinhas e ceceios que podiam
destruir metade de uma vila com seu furor. Se eles estavam com fome, eles se
alimentavam, e não havia palavras de aviso que os parassem. Humanos osviam, histórias começaram a circular, o medo se alastrava como fogo na palha
seca…
“A mãe de Tânia criou uma dessas crianças. E assim como os outros anciões,
não consigo imaginar as suas razões.” Ele deu um profundo suspiro. “Os
Volturi se envolveram, é claro.”
Eu estremeci como sempre com aquele nome, mas é claro, que a legião de
vampiros da Itália - a realeza de sua espécie — era o centro da história. Não
podia existir uma lei se não houvesse uma punição; não podia havia uma
punição se não houvesse ninguém para aplicá-la. Os anciões Aro, Caius e
Marcus governavam as forças dos Volturi; eu só os vi uma vez, mas naquele
breve encontro, pareceu para mim que Ari, com seu poderoso poder de ler
mentes — um toque e ele sabia cada pensamento que aquela mente já havia
tido —era o líder verdadeiro.
“Os Volturi estudaram as crianças imortais, em sua casa em Volterra e ao
redor do mundo. Caius decidiu que os jovens eram incapazes de proteger
nosso segredo. Então eles deveriam ser destruídos.”
“Eu te disse que eles eram adoráveis. Bem, grupos de bruxas lutaram até o
último homem — que foram completamente dizimados — para protegê-los. A
carnificina não foi generalizada em guerras como a do continente do Sul, mas
mais devastador de sua própria maneira. Grupos de bruxas enraizados, velhas
tradições, amigos… Muita perda. No final, a prática foi completamente
eliminada. As crianças imortais se tornaram não mencionáveis, um tabu.”
"Quando eu vivi com os Volturi, encontrei duas crianças imortais, por isso
sabia em primeira mão o recurso que tinha. Aro estudou os pequeninos por
muitos anos após a catástrofe que lhes foi provocada. Você sabe curiosamente
sua disposição; ele estava esperançoso de que poderia amansá-las. Mas, no
fim, a decisão foi unânime: as crianças imortais não poderiam existir.”
Eu tinha tudo, mas esqueceram a mãe das irmãs Denally quando a história
retornou.
“Não está totalmente claro o que aconteceu com a mãe de Tanya,” Carlisle
disse. “ Tanya, Kate e Irina foram inteiramente óbvias até o dia em que os
Volturi chegaram, sua mãe e suas criações ilegais já estavam presas. Foi a ignorância que salvou Tanya e suas irmãs. Aro lhes tocou e viu a sua total
inocência, para que não fossem punidas como sua mãe.”
“Nenhum deles tinha visto o garoto antes, ou tinham sonhando com sua
existência, até o dia que eles o viram queimar nos braços de sua mãe. Eu
posso apenas imaginar que sua mãe teve que guardar seu segredo para
protegê-los desse exato resultado. Mas em primeiro lugar, por que ela o criou?
Quem foi ele, e o que ele pretendia para ela que fez com que ela atravessasse
esse inimaginável limite? Tanya e os outros nunca receberam uma resposta
para nenhuma dessas perguntas. Mas não duvidavam da culpa de sua mãe, e
não penso que eles lhe perdoaram de verdade.”
“Elas tiveram sorte de que Aro estava se sentindo compassivo aquele dia.
Tanya e suas irmãs foram perdoadas, mas deixaram com os corações feridos e
um grande respeito pela lei..."
Eu não sei exatamente em qual momento a memória se transformou em sonho.
Um momento parecia que eu estava ouvindo Carlisle em minha memória,
olhando para o seu rosto e então, no outro momento eu estava olhando para
um cinza, árido campo e sentindo o cheiro de um denso incenso no ar. Eu não
estava sozinha ali.
A mistura de figuras no centro do campo, todos cobertos com uma capa
escura, devia ter me aterrorizado — eles só podiam ser os Volturi e eu, ao
contrário do decretado em nossa última reunião, ainda humana. Mas eu sabia,
como algumas vezes acontecia nos sonhos, que eu era invisível para eles.
Espalhado ao meu redor estavam montes de fumaça. Reconheci a doçura no ar
e não examinei o esfumaçado muito profundamente. Não tive nenhum desejo
de ver as caras dos vampiros que eles tinham executado, com um pouco de
medo que eu pudesse reconhecer alguém por dentre as chamas.
Os soldados Volturi pararam em um círculo ao redor de alguma coisa ou
alguém e eu pude ouvir suas vozes em suspiro sobrepondo-se à agitação. Eu
me debrucei sobre as capas, levada pelo sonho para ver que coisas ou pessoas
eles estavam examinando com tanta intensidade. Me arrastando
cuidadosamente por entre dois encapuzados altos, eu finalmente vi o objeto do
debate, subindo em um pequeno morro atrás deles.Ele era bonito, adorável, como Carlisle tinha descrito. O garoto era ainda uma
criança, e talvez tivesse até dois anos de idade. Cabelos cacheados em tom
castanho claro, enquadrava sua face de querubim com bochechas redondas e
lábios cheios. E ele estava tremendo, seus olhos fechados como se ele
estivesse receoso para assistir a sua morte se aproximar cada segundo.
Fiquei chocada com essa poderosa necessidade de salvar o adorável,
aterrorizados Volturi que a criança não obstante toda a sua devastadora
ameaça a longo importava para mim. Eu passei entre eles sem me importar se
eles notariam. Soltando-me deles completamente, eu corri em direção ao
menino.
Combaleando eu parei e pude ter uma visão clara do morro que ele se sentou.
Aquilo não era terra e rocha, mas a uma pilha de corpos humanos, drenados e
inanimados. Muito tarde para não ver seus rostos. Eu conhecia todos eles —
Angela, Ben, Jessica, Mike.... E diretamente abaixo do menino adorável
estavam os corpos do meu pai e minha mãe.
A criança abriu os seus olhos brilhantes, de cor de sangue.
“Eu já sinto a sua falta.”
“Eu não preciso ir. Posso ficar...”
“Mmm...”
Houve silêncio por um longo tempo, somente o som de meu coração batendo
acelerado e o sussurro de nossos lábios se movendo sincronizados.
Às vezes era tão fácil esquecer que eu estava beijando um vampiro. Não
porque ele parecesse comum e humano — eu nunca poderia esquecer que
estava segurando mais do que um anjo em meus braços — mas porque ele me
fazia sentir que não havia nada igual à sensação de ter seus lábios em meus
lábios, em meu rosto, minha garganta. Ele dizia que já era passado a tentação
que meu sangue lhe causava, que a idéia de me perder era mais forte que isso.
Mas eu sabia que o cheiro de meu sangue ainda lhe causava dor — queimava
em sua garganta como se ele estivesse inalando fogo.
Eu abri meus olhos e encontrei os dele abertos também, fixados em meu rosto.
Não fazia sentido ele me olhar daquele jeito. Como se eu fosse o prêmio ao
invéz da ganhadora sortuda.
Nós nos encaramos por um momento, seus olhos dourados estavam tão
profundos que era quase como se eu pudesse ver sua alma. Parecia bobo que
justamente isso — a existência se sua alma — seja uma duvida, mesmo ele
sendo um vampiro. Ele tinha a alma mais bonita, mas do que sua mente
brilhante ou seu rosto incomparável e seu glorioso corpo.
Ele olhou de volta para mim, como se ele também pudesse ver minha alma, e
estivesse gostando do que via.
Ele não podia ver dentro de minha mente, pensando bem, não da maneira que
ele via a dos outros. Quem saberia o porquê — algum defeito em meu cérebro
que me tornava imune a todos os extraordinários e assustadores poderes que
alguns imortais possuem. (somente minha mente era imune, meu corpo ainda
era uma vitima das habilidades dos vampiros com poderes diferentes dos de
Edward). Mas eu era seriamente grata a esse “defeito” que mantinham meus
pensamentos em segredo. Era muito constrangedor sequer pensar na
possibilidade.
Puxei seu rosto mais uma vez para perto do meu.
“Definitivamente vou ficar,” ele murmurou um tempo depois.
“Não, não! É sua despedida de solteiro, você tem que ir.”
Eu disse as palavras, mas meus dedos se enroscaram em seus cabelos cor de
bronze, minha mão esquerda apertando suas costas. Seus dedos frios
acariciaram meu rosto.
“Despedidas de solteiros são para aqueles que estão tristes com o fim de seus
dias de solteiro. Eu não vejo a hora que eles acabem. Então não há razão para
que eu vá.”
“Verdade.” Eu disse respirando na pele gelada de sua garganta.
Isso era muito perto do que seria meu cantinho feliz. Charlie dormia
profundamente em seu quarto, o que era quase o mesmo que estar sozinha.
Nós estamos encolhidos em minha pequena cama, nossos corpos o mais juntos
possível, apesar do grosso cobertor em que eu estava enrolada como um
casulo. Eu odiava a necessidade do cobertor, mas o romance acabava quando
meus dentes começavam a bater. Charlie iria perceber se eu ligasse o
aquecedor em Agosto...
Pelo menos, se houvesse algo ruim, a camisa de Edward estava no chão. Eu
nunca superei o choque de como seu corpo era perfeito — pálido e gelado
como mármore. Eu corri minha mão por seu peito nu, passando por sua
barriga perfeitamente rígida, passeando. Ele tremeu levemente, e seus lábios
encontraram os meus novamente. Cuidadosamente a ponta de minha língua
traçou seus lábios encerados, e ele suspirou. Seu hálito me invadiu – frio e
delicioso por todo o meu rosto.
Ele começou a recuar — esta era sua reação automática toda vez que achava
que tinha ido longe demais, seu reflexo toda vez que ele queria mais. Edward
passou toda sua vida rejeitando qualquer tipo de contato físico. Eu sei que para
ele era assustador tentar mudar seus hábitos agora.
“Espere”, eu disse agarrando seus ombros e o abraçando mais perto. Eu passei
minha perna que estava livre ao redor de seu quadril. “A prática leva a
perfeição”.
Ele riu. “Bem, devemos estar bem perto da perfeição nesse ponto, não acha?
Você dormiu alguma noite no ultimo mês?”
“Mas esse é o ensaio do vestido”, Eu relembrei a ele. “E nós só praticamos
algumas cenas. Não temos tempo a perder.”
Eu pensei que ele fosse rir, mas ele não respondeu, e seu corpo endureceu de
um nervoso repentino. O dourado em seus olhos pareceu endurecer de liquido
para sólido.
Eu pensei no que havia dito e tentei entender o que ele havia pensado.
“Bella...”, ele sussurrou
“Não comece com isso de novo”, eu disse, “Trato é trato.”
“Eu não sei. É muito difícil se concentrar quando você está comigo desse
jeito. Eu - Eu não consigo pensar direito. Eu não vou conseguir me controlar.
Você vai se machucar. ”
“Eu vou ficar bem.”
“Bella...”
“Shh...” eu pressionei meus lábios nos dele para parar com o ataque de pânico.
Eu já havia ouvido aquilo antes. Ele não ia desistir do acordo. Não depois de
insistir que eu casasse com ele primeiro.
Ele me beijou de volta por um momento, mas eu pude perceber que ele não
estava com tanto entusiasmo como antes. Preocupado, sempre preocupado.
Como seria diferente quando ele não tivesse que se preocupar mais comigo. O
que ele fará em seu tempo livre? Terá que arrumar um hobby novo!
“Como estão seus pés?’ ele perguntou Sabendo que ele não falava no sentido literal eu respondi “Torrando de tão
quentes”.
“Mesmo? Não está mudando de idéia? Ainda não é tarde pra desistir.”
“ Você está tentando me fazer desistir?”
Ele riu silenciosamente. “Só para ter certeza. Não quero que você faça nada de
que não tenha certeza.”
“Tenho certeza sobre você. Com o resto eu posso viver.”
Ele hesitou e eu imaginei se devia fechar a minha boca.
“Você consegue?” ele disse quieto. “Eu não me refiro ao casamento — eu sei
que você vai sobreviver apesar de não concordar — mas e depois.... E Renne?
E Charlie?”
Eu suspirei. “Eu vou sentir falta deles.” Mais do que eles de mim, mas eu não
quis dar a ele esse tipo de detalhe.
“ Angela e Ben, Jéssica e Mike.”
“Vou sentir falta dos meus amigos também”. Eu sorri para a escuridão.
“Especialmente Mike! Oh Mike! Como vou sobreviver!”
Ele grunhiu.
Eu ri, mas logo fiquei séria novamente. “Edward nós já falamos sobre isso. Eu
sei que vai ser difícil, mas é o que eu quero. Eu quero você, e quero para
sempre. Uma vida não é suficiente para mim.”
“Congelada para sempre aos dezoito,” ele sussurrou.
“Todo sonho de mulher se torna realidade,” eu provoquei.
“Nunca mudando... nunca indo para frente”.
“O que isso significa?”
Ele respondeu devagar. “Você se lembra quando contamos para Charlie a
respeito do casamento? Ele pensou que você estava... grávida?”
“E ele pensou em atirar em você”. Eu disse com uma risada. “ Admita— por
um momento ele considerou isso”.
Ele não respondeu.
“O que é Edward?”
“Eu só queria...bem, queria que ele estivesse certo.”
“Uhh,” eu estremeci.
“Que houvesse alguma maneira que isso pudesse acontecer. De que
corrêssemos esse risco. Eu odeio tirar isso de você também.”
Eu precisei de um momento para responder. “Eu sei o que estou fazendo.”
“Como você pode saber Bella? Olhe para minha mãe e minha irmã. Não é um
sacrifício tão fácil quanto você imagina.”
“Esme e Rosalie conseguiram superar isso. Se isso se tornar um problema
podemos fazer o que Esme fez— nós vamos adotar!”
Ele suspirou e, em seguida, sua voz era feroz. "Isso não é certo! Não quero
que você tenha que fazer sacrifícios por mim. Eu quero dar-lhe coisas, não
tirar coisas de você. Eu não quero roubar o seu futuro. Se eu fosse humano...”
Eu coloquei minha mão sobre seus lábios. "Você é o meu futuro. Pare agora.
Não se deprima, ou eu irei chamar seus irmãos para virem e pegar você.
Talvez você precise de uma festa de despedida."
"Desculpe-me. Estou deprimido, não é? Devem ser os nervos."
"Seus pés estão frios?"
"Não é nesse sentido. Eu tenho esperado um século para casar com você,
Senhorita Swan. A cerimônia de casamento é a única coisa que eu mal posso
esperar—" Ele suspendeu o pensamento. "Oh, por tudo que é mais sagrado!"
“O que houve?”
Ele rangeu os dentes . “Você não precisa ligar para os meus irmãos.
Aparentemente eles não vão me deixar escapar essa noite.
Eu o abracei mais forte, mas depois soltei. Eu não tinha a menor pretensão de
ganhar uma guerra contra Emmett. “Divirta-se”.
Houve um ruído através da janela — alguém estava passando suas unhas de
propósito no vidro para fazer um barulho horroroso de cobrir os ouvidos e
arrepiar os cabelos. Eu dei de ombros.
“Se você não botar o Edward para fora,” Emmett — ainda invisível na noite
—ameaçou. “Nós vamos entrar para pegar ele.”
“Vá,” Eu ri. “Antes que eles quebrem a minha casa”.
Edward rolou seus olhos e em um único movimento se colocou de pé e com
outro recolocou sua camisa. Ele se abaixou e beijou minha testa.
“Vá dormir. Você vai ter um grande dia amanhã.”
“Obrigada! Isso realmente vai me acalmar!”
“Te vejo no altar.”
“Eu vou ser a que vai estar de branco!” Eu sorri pensando em como isso soava
irônico.
Ele riu. “ Muito convincente” e então de repente ele pulou agachado, seus
músculos pressionados como uma mola. Ele desapareceu — passando pela
minha janela mais rápido do que eu podia ver.
Lá fora houve um barulho abafado e eu ouvi Emmett resmungar.
“É melhor vocês não trazerem ele de volta muito tarde,” eu murmurei sabendo
que eles ouviriam.E então o rosto de Jasper apareceu em minha janela, seus cabelos loiros cor de
mel reluzindo a luz da lua que passava pelas nuvens.
“Não se preocupe Bella. Vamos trazer ele de volta com tempo de sobra!”
Eu estava subitamente muito calma, e todas as minhas hesitações pareciam
sem importância. Jasper era, na sua própria maneira, tão talentoso como Alice
com suas previsões sobrenaturalmente exatas. Os poderes mediúnicos de
Jasper era algo maior do que o futuro, e era impossível resistir à sensação da
maneira como ele queria que você se sentisse.
Eu sentei rapidamente, ainda enrolada nos cobertores. “Jasper? O que
vampiros fazem em despedidas de solteiro? Vocês não vão levá-lo a um clube
de strip, vão?”
"Não lhe diga nada!" Emmett grunhiu alto. Havia um outro som, e Edward riu
discretamente.
"Relaxe", Jasper disse-me — e foi o que fiz. "Nós Cullens temos a nossa
própria versão. Apenas alguns leões da montanha, um casal de ursos
cinzentos. Geralmente uma noitada ordinária."
Eu me pergunto se alguma vez serei capaz de ouvir de forma cavalheiresca
sobre as dietas dos vampiros "vegetarianos".
"Obrigada, Jasper"
Ele piscou e saiu de vista.
Estava completamente silencioso lá fora. Os roncos abafados de Charlie
vibravam através das paredes.
Eu deitei de volta no meu travesseiro, adormecendo agora. Eu observei as
paredes do meu pequeno quarto, branqueada palidamente pelo luar, sobre as
pálpebras pesadas.
A minha última noite no meu quarto. A minha última noite como Isabella
Swan. Amanhã à noite, eu seria Bella Cullen. Apesar de todo o calvário do
casamento ser um espinho ao meu lado, eu tinha de admitir que eu gostei de
como soava.
Eu deixei a minha mente vagar impassível por um momento, esperando cair
no sono. Mas, depois de alguns minutos, encontrava-me mais alerta, a
ansiedade crescente de volta para o meu estômago, embrulhando-se em
posições desconfortáveis. A cama parecia muito suave, muito quente sem
Edward. Jasper estava longe, e toda a paz, e sentimentos relaxantes foram com
ele.
Ela iria ter um longo dia amanhã.
Eu estava ciente de que a maioria dos meus medos eram estúpidos — eu só
tinha que tirá-los de mim. Atenção era uma parte inevitável da vida. Eu não
podia estar sempre misturada com a paisagem. No entanto, eu tenho algumas
preocupações específicas que eram completamente válidas.
Primeiro, havia a cauda de vestidos de casamento. Alice claramente tinha
deixado seu sentido artístico dominar sobre aspectos práticos disso. Manobrar
nas escadas dos Cullens de salto e uma cauda pareceu impossível. Eu deveria
ter praticado.
Depois, tinha a lista de convidados.
A família de Tanya, o clã Denali, estariam chegando antes da cerimônia.
Seria delicado ter a família de Tanya no mesmo quarto com os nossos
convidados da reserva Quileute, o pai de Jacob e os Clearwaters. O Denalis
não eram fãs dos lobisomens. Na verdade, a irmã de Tanya, Irina, não ia vir
para o casamento por nada. Ela ainda carregava uma vingança contra os
lobisomens por matarem seu amigo Laurent (exatamente como ele estava
prestes a me matar). Graças a esse ressentimento, os Denalis tinham
abandonado a família de Edward na sua pior hora de necessidade. Foi à
desagradável aliança com os lobos Quileute que salvou as nossas vidas,
quando a horda de vampiros recém-nascidos atacaram...
Edward tinha me prometido que não seria perigoso ter os Denalis perto dos
Quileutes. Tanya e toda sua família — exceto Irina — sentiam-se
horrivelmente culpados por esse abandono. Uma trégua com os lobisomens
era um pequeno preço para compensar um pouco desta dívida, um preço que
estavam dispostos a pagar.Havia o grande problema, mas havia um pequeno problema também: a minha
frágil auto-estima.
Eu nunca tinha visto Tanya antes, mas eu tinha certeza que conhecê-la não
seria uma experiência prazerosa para o meu ego. Uma vez, provavelmente
antes de eu ter nascido, ela tinha feito seu jogo para Edward — não que eu
culpe a ela ou alguém por tê-lo desejado. Mesmo assim, ela deveria ser
extremamente linda e magnífica. Mesmo que Edward claramente — se
inconcebivelmente — tenha preferido a mim, eu não seria capaz de ajudar
fazendo comparações.
Eu resmunguei um pouco até Edward, que sabia da minha fraqueza, me fez
sentir culpada.
"Nós somos a coisa mais próxima que eles têm de uma família, Bella," ele me
lembrou. "Eles ainda se sentem como órfãos, você sabe, mesmo depois de
todo esse tempo."
Então eu admiti, escondendo a minha careta.
Tanya tinha uma grande família agora, quase tão grande quanto os Cullens.
Eles eram em cinco: Tanya, Kate e Irina haviam entrado através de Carmen e
Eleazor de uma forma bem parecida como Alice e Jasper entraram para os
Cullens, todos eles levados pelo desejo de viver com mais compaixão do que
os vampiros normais fizeram.
Mesmo com toda a companhia, entretanto, Tanya e suas irmãs ainda eram
sozinhas. Ainda estavam de luto. Porque há muito tempo atrás, elas também
tiveram uma mãe.
Eu conseguia imaginar o vazio que a perda devia ter deixado, mesmo depois
de milhares de anos. Eu tentei imaginar a família Cullen sem o seu criador,
seu centro e seu guia —seu pai, Carlisle. Eu não consegui.
Carlisle havia explicado a história de Tanya durante uma das muitas noites em
que eu passei na casa dos Cullen, aprendendo tanto quanto eu podia, me
preparando o máximo possível para o futuro que eu havia escolhido. A
história da mãe de Tanya foi um dentre tantos, um conto de aviso ilustrando
uma das regras que eu nunca poderia esquecer quando eu adentrasse o mundo
dos imortais. Uma única regra, de fato - uma leia com milhares de facetas:
Guarde o segredo.
Guardar o segredo significada muitas coisas — viver imperceptivelmente
como o Cullens, se mudar antes que os humanos desconfiassem de que eles
não estavam envelhecendo. Ou mantendo-se completamente longe de seres
humanos — exceto na hora da refeição — como a vida nômade como James e
Victoria tinham vivido; como os amigos de Jasper, Peter e Charlotte, tinham
vivido. Isso significa manter controle de quaisquer novos vampiros que você
tenha criado, como Jasper fez quando viveu com Maria. Como Victoria havia
falhado com os recém-nascidos.
E isso significa não criar algumas coisas, acima de tudo, porque algumas
criações são incontroláveis.
“Eu não sei o nome da mãe de Tanya”, Carlisle admitiu, seus olhos dourados,
quase uma exata sombra de seu cabelo preso, triste com as lembranças da dor
de Tanya. “Eles nunca falam sobre ela se puderem evitar, nunca pensam nela
carinhosamente.”
A mulher que criou Tanya, Kate e Irina — que as amou, eu acredito — viveu
muitos anos antes que eu tivesse nascido, durante uma época de peste em
nosso mundo, a peste das crianças imortais.
“O que eles estavam pensando, os anciões, eu não consigo entender. Eles
criaram vampiros sob humanos que mal eram alguma coisa além de crianças.”
Eu tive que engolir a saliva que estava em minha garganta quando imaginei o
que ele havia descrito.
“Eles eram muito lindos,” Carlisle explicou rapidamente, vendo minha reação.
“Tão amáveis, tão encantadores, você não consegue imaginar. Mas era preciso
estar perto deles para amá-los; isto era algo automático.
Contudo, eles não podiam ser ensinados. Eles eram congelados em qualquer
estágio do desenvolvimento que eles estavam antes de ser mordidos.
Adoráveis crianças de dois anos de idade com covinhas e ceceios que podiam
destruir metade de uma vila com seu furor. Se eles estavam com fome, eles se
alimentavam, e não havia palavras de aviso que os parassem. Humanos osviam, histórias começaram a circular, o medo se alastrava como fogo na palha
seca…
“A mãe de Tânia criou uma dessas crianças. E assim como os outros anciões,
não consigo imaginar as suas razões.” Ele deu um profundo suspiro. “Os
Volturi se envolveram, é claro.”
Eu estremeci como sempre com aquele nome, mas é claro, que a legião de
vampiros da Itália - a realeza de sua espécie — era o centro da história. Não
podia existir uma lei se não houvesse uma punição; não podia havia uma
punição se não houvesse ninguém para aplicá-la. Os anciões Aro, Caius e
Marcus governavam as forças dos Volturi; eu só os vi uma vez, mas naquele
breve encontro, pareceu para mim que Ari, com seu poderoso poder de ler
mentes — um toque e ele sabia cada pensamento que aquela mente já havia
tido —era o líder verdadeiro.
“Os Volturi estudaram as crianças imortais, em sua casa em Volterra e ao
redor do mundo. Caius decidiu que os jovens eram incapazes de proteger
nosso segredo. Então eles deveriam ser destruídos.”
“Eu te disse que eles eram adoráveis. Bem, grupos de bruxas lutaram até o
último homem — que foram completamente dizimados — para protegê-los. A
carnificina não foi generalizada em guerras como a do continente do Sul, mas
mais devastador de sua própria maneira. Grupos de bruxas enraizados, velhas
tradições, amigos… Muita perda. No final, a prática foi completamente
eliminada. As crianças imortais se tornaram não mencionáveis, um tabu.”
"Quando eu vivi com os Volturi, encontrei duas crianças imortais, por isso
sabia em primeira mão o recurso que tinha. Aro estudou os pequeninos por
muitos anos após a catástrofe que lhes foi provocada. Você sabe curiosamente
sua disposição; ele estava esperançoso de que poderia amansá-las. Mas, no
fim, a decisão foi unânime: as crianças imortais não poderiam existir.”
Eu tinha tudo, mas esqueceram a mãe das irmãs Denally quando a história
retornou.
“Não está totalmente claro o que aconteceu com a mãe de Tanya,” Carlisle
disse. “ Tanya, Kate e Irina foram inteiramente óbvias até o dia em que os
Volturi chegaram, sua mãe e suas criações ilegais já estavam presas. Foi a ignorância que salvou Tanya e suas irmãs. Aro lhes tocou e viu a sua total
inocência, para que não fossem punidas como sua mãe.”
“Nenhum deles tinha visto o garoto antes, ou tinham sonhando com sua
existência, até o dia que eles o viram queimar nos braços de sua mãe. Eu
posso apenas imaginar que sua mãe teve que guardar seu segredo para
protegê-los desse exato resultado. Mas em primeiro lugar, por que ela o criou?
Quem foi ele, e o que ele pretendia para ela que fez com que ela atravessasse
esse inimaginável limite? Tanya e os outros nunca receberam uma resposta
para nenhuma dessas perguntas. Mas não duvidavam da culpa de sua mãe, e
não penso que eles lhe perdoaram de verdade.”
“Elas tiveram sorte de que Aro estava se sentindo compassivo aquele dia.
Tanya e suas irmãs foram perdoadas, mas deixaram com os corações feridos e
um grande respeito pela lei..."
Eu não sei exatamente em qual momento a memória se transformou em sonho.
Um momento parecia que eu estava ouvindo Carlisle em minha memória,
olhando para o seu rosto e então, no outro momento eu estava olhando para
um cinza, árido campo e sentindo o cheiro de um denso incenso no ar. Eu não
estava sozinha ali.
A mistura de figuras no centro do campo, todos cobertos com uma capa
escura, devia ter me aterrorizado — eles só podiam ser os Volturi e eu, ao
contrário do decretado em nossa última reunião, ainda humana. Mas eu sabia,
como algumas vezes acontecia nos sonhos, que eu era invisível para eles.
Espalhado ao meu redor estavam montes de fumaça. Reconheci a doçura no ar
e não examinei o esfumaçado muito profundamente. Não tive nenhum desejo
de ver as caras dos vampiros que eles tinham executado, com um pouco de
medo que eu pudesse reconhecer alguém por dentre as chamas.
Os soldados Volturi pararam em um círculo ao redor de alguma coisa ou
alguém e eu pude ouvir suas vozes em suspiro sobrepondo-se à agitação. Eu
me debrucei sobre as capas, levada pelo sonho para ver que coisas ou pessoas
eles estavam examinando com tanta intensidade. Me arrastando
cuidadosamente por entre dois encapuzados altos, eu finalmente vi o objeto do
debate, subindo em um pequeno morro atrás deles.Ele era bonito, adorável, como Carlisle tinha descrito. O garoto era ainda uma
criança, e talvez tivesse até dois anos de idade. Cabelos cacheados em tom
castanho claro, enquadrava sua face de querubim com bochechas redondas e
lábios cheios. E ele estava tremendo, seus olhos fechados como se ele
estivesse receoso para assistir a sua morte se aproximar cada segundo.
Fiquei chocada com essa poderosa necessidade de salvar o adorável,
aterrorizados Volturi que a criança não obstante toda a sua devastadora
ameaça a longo importava para mim. Eu passei entre eles sem me importar se
eles notariam. Soltando-me deles completamente, eu corri em direção ao
menino.
Combaleando eu parei e pude ter uma visão clara do morro que ele se sentou.
Aquilo não era terra e rocha, mas a uma pilha de corpos humanos, drenados e
inanimados. Muito tarde para não ver seus rostos. Eu conhecia todos eles —
Angela, Ben, Jessica, Mike.... E diretamente abaixo do menino adorável
estavam os corpos do meu pai e minha mãe.
A criança abriu os seus olhos brilhantes, de cor de sangue.
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